Por: Claudia Souza
O debate político do dia 17 de setembro na Rede TV conseguiu superar qualquer expectativa de desastre que os paulistanos pudessem ter. Se você, cidadão de bem, esperava discussões sobre moradia, transporte, saúde ou qualquer outro tema relevante para São Paulo, foi brindado com um show de horrores digno de uma novela das nove.
O episódio começou com Pablo Marçal, insistindo em tratar os adversários com apelidos pejorativos, que, apesar de ter a mão enfaixada depois do ataque surreal de Datena no debate anterior (onde levou um banco arremessado e foi parar no hospital), voltou ao palco, não para falar de propostas, mas para continuar sua performance de "garoto rebelde de 10 anos". Passou mais tempo acusando Ricardo Nunes de agressão à esposa e irregularidades em contratos das creches, além de lembrar ao público sobre as denúncias de assédio sexual de Datena. Tudo isso, claro, entre choromingos de "sou vítima do sistema". Até dava pra esperar que ele puxasse um iô-iô do bolso com o número 28 impresso e começasse a brincar no meio do palco. E um momento da câmera da grua no estúdio, o público pôde ver Pablo Marçal feito um menino, sentado e se girando na cadeira (como as crianças fazem quando encontram uma cadeira giratória), momento hilário!
Datena, é claro, não deixou barato. Com o bom e velho linguajar que já conhecem de sua carreira na televisão, devolveu a Pablo com um festival de acusações. Chamou o adversário de "ladrão e golpista", relembrando que Marçal já foi condenado à prisão. Marçal, por sua vez, limitou-se a fazer cara de quem estava sendo perseguido, enquanto a plateia já se perguntava se, ao invés de assistir a um debate, havia entrado sem querer em um episódio de "Casos de Família".
E então temos Ricardo Nunes. Sempre com a habilidade política de um funil, tentando passar por cima das acusações que lhe são feitas, mas preferiu devolver as farpas de Marçal e Datena com o mesmo tom agressivo. A grande questão que ficou é: será que existe um único candidato aqui que não tenha passagem pela polícia? Ao julgar pela troca de acusações, parece que o principal pré-requisito para concorrer à prefeitura de São Paulo é ter, no mínimo, um bom advogado e uma ficha criminal digna de um dossiê.
No meio de toda essa confusão, Guilherme Boulos deu o ar de sua graça, pousando de santinho. Sim, aquele mesmo que liderou invasões do MST, quebrando propriedades e depredando patrimônio público. Agora, tentando vender uma imagem de defensor dos oprimidos, alegando que estava "lutando por pessoas despejadas". Quase dá vontade de acreditar, se não fosse o pequeno detalhe de seu currículo, incluir confrontos violentos e, claro, mais passagens pela polícia.
E enquanto os marmanjos trocavam farpas e tentavam ganhar o troféu de “quem tem mais acusações no currículo”, Marina Helena e Tabata Amaral conseguiram manter o mínimo de compostura. Em meio a níveis alfinetados, demonstrou que é possível discutir com respeito, sem transformar o debate em uma arena de briga de rua. Mas, infelizmente, a maturidade delas apenas expôs ainda mais a infantilidade e o podridão moral de seus concorrentes.
É triste pensar que, em pleno 2024, estamos às voltas com um debate político que mais parece uma guerra de reivindicações pessoais, enquanto a cidade de São Paulo, com sua magnitude de país, enfrenta problemas graves. O centro está destruído, os lojistas fechando as portas, a Cracolândia imperando, e os bairros da periferia afundados em negociação. E o que vemos nos debates? Homens adultos brigando como se estivessem no recreio da escola, preocupados em desenterrar a sujeira uns dos outros ao preferir oferecer soluções concretas para os verdadeiros problemas da cidade.
O mais irônico de tudo é que esses candidatos acreditam que são dignos de governar São Paulo. Mas como o maior polo econômico do Brasil pode sonhar em ser uma cidade do primeiro mundo com figuras tão despreparadas e imaturas? Se as gestões anteriores tivessem tido algum sucesso, talvez não estivéssemos com um centro em ruínas e uma periferia abandonada. No entanto, é esse tipo de político que temos que escolher, entre acusações, processados e promessas vazias.
O mais chocante é a confirmação do que muitos já desconfiavam: no Brasil, quem governa é o crime organizado – ou pelo menos, é o que parece, considerando o currículo de muitos dos nossos candidatos. A pergunta que fica é: o que será de São Paulo com esse tipo de liderança? Que futuro nos espera com esses marmanjos no poder?
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