A política brasileira é realmente uma obra prima de incoerência. E, nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, dois exemplos brilharam com todo o esplendor: Luís Carlos Datena e Tabata Amaral. Ambos conseguiram o que poucos fazem com tanta maestria — abraçar o candidato que eles mesmos passaram meses ridicularizando. Uma lição aqui? O que vale é se manter no jogo, custe o que custar, mesmo que isso signifique engolir palavras e princípios.
Datena: O Mestre da Contradição e baixíssima audiência nas urnas
Ah, ó Datena! Aquele apresentador de TV que, entre uma bronca e fora do ar, decidiu que era hora de “limpar a política”. Na campanha, ele não poupou Ricardo Nunes de seus ataques refinados, chamando-o de político medíocre, incompetente e, claro, insinuando que Nunes tinha um manual de irregularidades debaixo do braço. Datena, incorporou o herói solitário, combatente das injustiças, capaz de salvar São Paulo, apontando o caos administrativo de Nunes e estava disposto a colocar ordem na bagunça.
Mas, como em toda boa história de reviravoltas, bastou a vergonhosa derrota nas urnas para Datena realizar o que a gente pode chamar de "pirueta olímpica" na política. Agora, o Ricardo Nunes — sim, aquele mesmo que passou meses humilhado em público por Datena — virou a melhor opção para continuar “o bom trabalho”. Um detalhe interessante: antes, o bom trabalho não existia. Vai entender... Será que para Datena o Nunes passou por uma súbita metamorfose pós-eleitoral? Ou será que Datena simplesmente viu que seria mais inteligente estar ao lado do vencedor?
Tabata Amaral: A Nova Política, Velhas Práticas
E, claro, não podemos esquecer Tabata Amaral. A musa da nova política, que promete trazer renovação e ser a voz da juventude progressista, parece ter aprendido rápido os truques dos veteranos. Durante toda a campanha, Tabata deixou claro que Guilherme Boulos não serviria para ser prefeito. Segundo ela, Boulos era aquele idealista radical, mais preocupado em fazer barulho do que administrar em São Paulo de maneira eficiente. Um gestor de hashtags, por assim dizer.
Agora, adivinhem quem, alguns minutos após o fim da apuração, foi às redes declarar apoio a... Boulos! Sim, o mesmo que não tinha a menor condição de ser prefeito, de repente, se tornou uma “melhor opção” para São Paulo. E sem nem piscar, Tabata jogou pela janela todas aquelas críticas anteriores. Quem diria que alguns minutos depois e percentuais de votos abaixo poderiam mudar tanto uma visão política? Dá até vontade de saber que epifania ocorreu durante aquele intervalo.
Política ou Pantomima?
O que aprender com esses episódios? Que a política brasileira continua sendo um circo bem armado, onde coerência e princípios são artigos de luxo. E o eleitor? Bem, o eleitor fica ali, sentado na plateia, diante da mesma peça repetida, com novos personagens que, no fundo, fazem o mesmo jogo de sempre. Datena, com sua retórica de juiz e outsider, e Tabata, com sua promessa de renovação, provaram que, no final das contas, quando o palco eleitoral fechar, o que importa é continuar na festa.
Se antes o eleitor se agarrasse à esperança de que figuras como essas duas fossem diferentes, agora fica claro que estamos olhando à mesma novela. A política continua a ser um jogo de conveniência, onde os princípios se moldam conforme a necessidade do momento. E, no fim, quem perde é sempre o eleitor, que entra no teatro acreditando estar vendo um reality show, mas acaba exibido à mesma velha ficção — com uns retoques aqui e ali, só para manter a aparência.
O meu livro "Idiolatria Política" é uma leitura necessária para aqueles que desejam compreender os bastidores do comportamento dos políticos e, principalmente, evitar cair nas armadilhas de figuras públicas que moldam suas posturas de acordo com interesses oportunistas. Em um cenário político em que os candidatos frequentemente assumem posturas agressivas e humilham seus concorrentes durante as campanhas, apenas para, após a derrota, mudar de lado e apoiar seus oponentes na troca de favores ou poder, eu trago à tona uma reflexão necessária sobre a fragilidade da ética na política e os perigos dos participantes se deixarem levar por discursos superficiais.
O conceito de "vira-casaca", apresentado na política, é amplamente discutido no livro, mostrando como esses políticos, ao mudarem de postura conforme a conveniência, revelam sua verdadeira essência: a busca pelo poder a qualquer custo. "Idiolatria" faz uma análise profunda de como a idolatria cega permite que políticos populistas e sensacionalistas manipulem o público, encobrindo suas falhas de caráter e ambições pessoais.
Ao ler o livro, o leitor ganha ferramentas para desenvolver uma visão crítica e consciente , capaz de identificar esses comportamentos e evitar ser iludido por promessas vazias ou gestos de última hora. Em um ambiente político onde a lealdade é muitas vezes trocada por conveniência, entender a dinâmica da idolatria e do oportunismo se torna essencial para fazer escolhas mais conscientes nas urnas.